Nascido e criado em Quarteira, desde cedo que Élton Mota/Perigo Público, se identificou e apaixonou pelas sonoridades suburbanas que chegavam do outro lado do oceano, oriundo de um ambiente onde o eco daquela mensagem encontrava um destino perfeito. Criou o seu primeiro grupo de rap ainda durante a adolescência, numa fase em que o próprio movimento nacional começava a dar os seus primeiros passos sólidos e durante muitos anos fez parte do colectivo APC (autonomia para criar), grupo mítico da cena hip hop algarvio, mas foi a solo e nas rodas e batalhas de improviso, que ganhou respeito e notoriedade entre os seus pares e do público.
Espectador atento, nómada, apaixonado pela música e pelo sentido das palavras, observador quotidiano, inconformista inveterado, audaz e incorrigível, que com a maturidade que a idade traz soube esculpir a fúria e a espontaneidade, transformando-as em reflexões com densidade e refinamento. O improviso inconsequente deu assim lugar a rima e prosa mais adulta, mais atenta, mas não menos acutilante, mordaz e por vezes politicamente incorrecta.