Todos sabemos o que T-Rex fez no verão passado: em Julho de 2021, Daniel Benjamim despiu por momentos a sua pele de T-Rex e em frente a uma plateia completamente rendida num Teatro Tivoli que esgotou por duas noites falou directamente à sua progenitora: “Mamã, desculpa todo o barulho, mas olha aqui”. Não foi difícil relembrar nessa ocasião o clássico de 1949 de Raoul Walsh com James Cagney, White Heat, quando Cody, a personagem torturada que é central no filme, grita a plenos pulmões e no topo de um grande depósito de gás, “Made it, Ma! Top of the world!” Pode dizer-se que T-Rex, como Cody no já referido clássico, também explodiu logo depois de chamar a atenção à sua mãe. Mas o que no filme do mestre Walsh era trágico desfecho moral, no blockbuster real de T-Rex é mais do que justa recompensa por um trabalho intenso que começou a dar reais frutos especialmente a partir de meados de 2018, altura em que editou o EP “Chá de Camomila”. O incansável trabalho de palco, a entrega física e extrema aos seus fãs, o cuidado nos vídeos e a séria abordagem ao estúdio, à produção e ao refinamento dos temas estará bem reflectido em “Cor D’Água”, o prometido álbum de estreia apontado para 2022. O véu já começou a levantar-se, com peças como “Volta”, que foi lançada já em 2021, que, num par de meses já conta cerca de 1 milhão de visualizações, continuando a subir a cada dia, somando-se assim aos outros milhões conquistados por pérolas como “Tinoni” ou “Ar”, trunfos importantes de “Gota D’Espaço” (2020). Entretanto, antes ainda de “Cor d’Água” ser revelado, surgiu “Castanho”, um trabalho que é mais uma inequívoca prova da hiper criatividade de T-Rex, um capítulo intermédio na sua história, escrito, produzido e interpretado inteiramente pelo próprio artista.